terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Projecto Entrescrita - Luísa Ducla Soares


LUÍSA DUCLA SOARES (Maria Luísa Bliebernicht Ducla Soares Sottomayor Cardia) nasceu, em Lisboa, a 20 de Julho de 1939. É licenciada em Filologia Germânica. Iniciou a sua actividade profissional como tradutora, consultora literária e jornalista, tendo sido directora da revista de divulgação cultural Vida (1971-72). Foi Adjunta do Gabinete do Ministro da Educação (1976-78). Trabalhou desde 1979 na Biblioteca Nacional onde foi assessora principal e responsável pela Área de Informação Bibliográfica. Colaboradora de diversos jornais e revistas, estreou-se com um livro de poemas, Contrato, em 1970. Dedicada especialmente à literatura para crianças e jovens, publicou mais de uma centena de obras neste domínio. Escreveu 26 guiões televisivos que constituem a série sobre língua portuguesa Alhos e Bugalhos. Realizou o Site da Internet da Presidência da República para crianças e jovens (http://www.presidenciarepublica.pt/pt/main.html). 
Tem escrito poemas para canções, tendo sido editados vários CDs com letras exclusivamente de sua autoria musicadas por Suzana Ralha e Daniel Completo. Recusou, por motivos políticos, o Grande Prémio de Literatura Infantil que o SNI pretendeu atribuir-lhe pelo livro História da Papoila em 1973. Recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian para o melhor livro do biénio 1984-85 por 6 Histórias de Encantar e foi galardoada com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian pelo conjunto da sua obra em 1996. As suas obras encontram-se traduzidas em diversas línguas, nomeadamente francês, catalão, basco , galego, holandês.


Porque escolheu dedicar-se à literatura infanto-juvenil?

Comecei na adolescência a inventar histórias para o meu irmão mais novo. Contava-as em episódios, ao longo de meses ou anos. Nunca as escrevi mas essa tarimba de contadora decerto me preparou para um futuro de escritora de literatura infantil.
Em 1972 publiquei A história da Papoila e recusei o Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho que pretenderam atribuir-lhe, pois não estava disposta a aceitar um galardão de um regime alicerçado na Censura. Talvez isso me aproximasse mais do meu editor, José Saramago, que logo me encomendou seis livrinhos para o ano seguinte.
Comecei a interessar-me cada vez mais pelo mundo das crianças, até porque tinha então dois filhos ávidos de contos. 
Depois, nunca mais consegui parar e hoje tenho mais de cem livros para crianças e jovens.

O que é para si um livro?

Um livro é para mim um amigo insubstituível, sempre pronto a falar connosco. É uma floresta de experiências, uma escola que se leva debaixo do braço. Com ele abrimos os olhos e o coração para o mundo, aprendemos a pensar, a imaginar. Um livro pode ser tão divertido, tão poético, tão cheio de aventuras !
Como gosto tanto de livros, trabalhei mais de 30 anos na Biblioteca Nacional de Portugal, onde há nada menos de 3 milhões de livros. E quando me reformei, tive tantas saudades dos meus amigos de papel que ainda lá trabalho como voluntária.

Neste momento, qual o seu “livro de cabeceira”?

São vários, como sempre. Estou a ler as recolhas do património tradicional de José Leite de Vasconcelos, além de Eu sou um lápis, de Sam Swope, professor americano de escrita criativa , que nos relata a sua experiência muito interessante com alunos emigrantes.
Acabo de receber um belíssimo catálogo, que é praticamente uma fotobiografia de Sophia de Mello Breyner Andresen, cujo espólio foi agora formalmente entregue à Biblioteca Nacional, onde está patente uma exposição sobre a autora. Sophia, uma obra de poeta foi elaborado por Paula Morão e Teresa Amado. Acho que irei perder-me nas suas páginas nos próximos dias. Conheci pessoalmente Sophia e vou ter todo o gosto em a recordar , através das suas fotos e, principalmente, manuscritos.

Qual o escritor que mais admira?

Entre os romancistas portugueses, Eça de Queirós. Entre os poetas, Fernando Pessoa, José Gomes Ferreira, António Gedeão .
Entre os escritores de literatura infanto-juvenil, Sophia, António Torrado, Alice Vieira, entre vários outros.

Na sua opinião, de que forma as Bibliotecas influenciam a formação dos mais novos?

As Biblioteca Municipais têm um papel decisivo na formação dos mais novos. Hoje são um espaço multimédia, incluindo com frequência ludotecas, um espaço reservado a jornais, a computadores, a vídeos e CDs.
Que pena tenho de não ter podido frequentar uma na minha infância ! Desde que as descobri e tive autonomia para me deslocar até às bibliotecas, a minha vida nunca mais foi a mesma. Deslumbrei-me com a possibilidade de ter acesso a tantas obras de referência, a tanta literatura, tornei-me uma das melhores alunas , não porque estudasse loucamente mas porque aumentou muito a minha cultura.
Assim, bem antes de os meus netos aprenderem a ler, já estavam inscritos na biblioteca municipal mais próxima, onde participavam na hora do conto, faziam desenhos, jogos, entravam em todas as actividades próprias da sua idade. Em breve se tornaram leitores autónomos, entusiastas da biblioteca, para onde me obrigam a levá-los,

Livros publicados






Fotografia disponibilizada pela escritora.

5 comentários:

  1. Excelente escritora, com trabalhos fantásticos e super úteis para trabalhar com alunos e incentivar os mesmos à leitura, etc...

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  2. Excelente escritora, com trabalhos fantásticos e super úteis para trabalhar com alunos em sala de aula, e incentivar à leitura, etc...

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  3. Para mim um livro, nada mais é do que a minha alma escrita ....

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  4. Excelente entrevista. E excelente escritora.

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